Senti uma importância grande em, mesmo depois de imenso dia cheio de experiências entre nós do grupo, escrever de forma aberta, sincera e transparente, sem querer conceituar nada e num exercício de estar presente na escrita que vem e se define a partir dessa presença, sem julgamentos que me façam apagar o que quer que se escreva. Conto com a adivinhação de todos numa presença de ler com amor. O amor que encontro nos encontros é que me faz andar com essa fé que me deu o destino que tenho, de poder conviver e aprender com cada pessoa neste projeto de educação tão viva.
Gratidão. Por cada momento.
Sinto que está ocorrendo uma harmonização com a vida de uma maneira presente e compreensiva dos processos com os quais cada ser lida internamente na dialética com as experiências da vida, do mundo que nos cerca, das oportunidades que se apresentam e das co-criações.
E o que há de lindo na evolução individual é que se pergunta: será que sei fazer desse jeito, viver assim, criar isso? Ah as crenças que tanto nos atrapalham...
Tudo é perfeito como é.
Cheguei há pouco e exaurida depois da intensa rotina de uma sequencia de eventos que vão se apresentando no devir do simples fato de estarmos juntos.
Sinto medo e desconfiança ainda. Por isso ainda ressoa em mim a violência o autoritarismo. Minha busca com a nossa união é ir curando cada célula que ainda quer agir no velho paradigma do poder. E ouço minha voz falando coisas que me mostram como esse velho ainda está em mim, o tempo todo.
Mas é só lembrar da força que tem cada família, e do amor incondicional por traz de qualquer ação ou reação que sei: é tudo perfeito. Um trevo de quatro folhas. E labirintos...
Hoje, me peguei não presente algumas vezes. Preocupada com o cansaço do outro, da Flora, com o que tinha sido, com o horário do Joel... Ou no passado ou no futuro. Mas presente quando falei, ouvi, cuidei, atendi, comi, ajudei...
Penso que fiz o que estava pronta pra fazer, no intuito de ajudar, servir e amar – ou aprender a amar – pra poder confiar e parar de sentir medo. Mas faço e fico pensando “será que estou sendo aceita?”. “Será que fui grosseira?” “Sera que isto ou aquilo?”
A linguagem não dá conta. Mas ajuda o pensamento a ganhar asas e o encontro de nossas almas pode acontecer em tempos e espaços diferentes, pois meu espírito pode assim se expressar sem interrupções. A escrita que é sagrada e viva quando lida.
Há uma armadilha que é achar que algo pode acontecer se...
Mas o que pode acontecer se realmente nos desprendermos das amarras dos condicionamentos? O que pode acontecer se abrirmos nossas vivências para mais pessoas poderem participar? Mas o que pode acontecer se a minha filha chorar muito? O que pode acontecer se alguém não gostar da experiência com a gente? E o que pode acontecer se ninguém precisar da gente? Ou de labirintos? Ou de mim?
Ficar tudo sempre perfeito.