segunda-feira, 18 de maio de 2015

Pedagogia da Presença


Ainda não fiz nenhum curso de educação ativa mas conheci o Edgar.

Conheço algumas pessoas que falam de suas vivências em cursos, como estes com o Grupo Orion, ou imersões de formação Waldorf... Pessoas que participam e/ou promovem rodas de conversa de mães e famílias procurando viver um novo paradigma educacional, e ouço experiências que são advindas de uma busca delas muito parecida com a minha. Agradeço muito toda oportunidade de conviver com elas. O desafio é praticar. E cada realidade é uma. E tem muita criança em realidades muito distantes da educação ativa, com a sua abordagem tão profunda, ou da pedagogia Waldorf, cujo ideal é o belo, o bom e o verdadeiro.

A Ana Thomaz (educadora com a qual convivi e relatei resumidamente em post anterior - http://labirintoludico.blogspot.com.br/2015/05/piracaia.html) - fala de um modo de entender a partir de uma proposta de desestagnação constante, reinvenção diária, estar atento e presente como qualquer outro ser vivo, na potência, sem auto-indulgência, com amor e em relação.

Fico a pensar nas leituras e nas idéias tão claras e tão lindas que estão lá em Vigotski, em Maturana e em tantos outros, a admirar figuras como Lacan e Manoel de Barros, e não dou conta da quantidade de pensamentos e relações que eu faço enquanto uma outra pessoa fala. Mas quem é que quer saber do "conteúdo" que tenho pra passar? Meu exercício mais importante é calar e escutar.

Estou diariamente investigando: qual é a coisa que devo fazer agora? E só com muita coragem é essa coisa que faço. Às vezes, é a coisa mais urgente que vou ter de escolher fazer. Ontem, foi terminar esta peça ao lado.


Penso então: de que, aqui, falo então? De que falamos quando mostramos as nossas crianças os labirintos? E o que isso tem a ver com todo o resto?


Usar e brincar com labirintos deve ser uma escolha livre. Brincar é algo espontâneo, vivo. Ir lá fazer ou ver como estão fazendo é essa escolha livre que faço como educadora que sou (a cada momento).

Exemplo:
Semana passada, lá no Ioko Hara (creche que tem labirinto no pátio), pedi que as crianças viessem brincar sem nenhum comando ou aviso de que teria alguém fazendo algo no labirinto com eles. Observei e percebi todos espalhados. Muitos em triciclos entrando no caminho do labirinto mas deixando-se livres para não respeitar os limites do desenho, numa vivência do corpo, pedalando intensamente... Os demais pequeninos brincavam nos cantinhos maravilhosos, que foram criados pelas professoras de lá. Tem o petshop, o salão de beleza, o hospital, o escritório... Depois de uns 15 ou 20 minutos, cheguei mais perto das meninas que brincavam no salão de beleza e perguntei se alguém queria brincar comigo no labirinto. Vieram 4 meninas. Propus inventar um jeito de andar diferente no percurso, em cada cor nova do caminho. No centro já estávamos em umas 8 ou 10 crianças. Sugeri que ao sair fôssemos pegando caixas para montar, e quando o movimento de construir começou, 80% da turma estava engajada na brincadeira. Os 20% que não vieram estavam bem, brincando com algum amigo em algum cantinho.





Isso me lembrou a minha pedagogia do caos de anos atrás, e as primeiras experiências com os labirintos lúdicos no Anjo...

 http://labirintoludico.blogspot.com.br/2009/08/aventura-pedagogica.html

Ah, quanta aprendizagem para cada criança vivendo a oportunidade de colaborar e construir algo junto com seus amigos, em relação, sem competição, sem ameaça, respeitosamente. De viver em liberdade responsavelmente. A recompensa é a presença. É ter podido escolher estar ali, brincando, plenamente. É este o conteúdo, que para cada uma delas é um.







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