Chego, estendo a lona, e vou buscar as canetinhas na sala do jardim. Quando eu volto o João e a sua acompanhante estão fazendo o percurso. Quero registrar tudo. Labirinto é inclusão. Percorrer o caminho, chegar ao centro e sair. A tarefa é essa. E o João faz direitinho. Depois, no recreio, é ele quem joga as caixas para o amigo que está no meio, montando. Enquanto ele não pega a última caixa da pilha ele não sossega.
Bem, entre João e recreio resolvo dar uma geral, e varrer a lona-labirinto. Antes que eu consiga terminar a faxina chegam as meninas e meninos da quinta e da sexta série. Estão querendo montar e deixo. "Comecem pelo meio que já varri!" Meu trabalho então é filmar. Circuito novo criado. Os pequenos vão adorar. Depois jardim dois e o Ronaldo ajudam a desmontar. E depois disso mais três meninos grandes chegam e querem ajudar. Vamos deixar só a lona de novo, pra quarta série usar na aula de educação física do Professor Osmar. Sugerimos a corrida, no entanto, o que querem é montar. Então pronto. Um circuito de obstáculos. Em grupos a competição alucina. De tanta alegria, as crianças, parecem que vão estourar. São tantas idéias que surgem! Isso sem falar naquelas que ainda nem deu pra usar...
À tarde, recomeço. Crianças pra lá e pra cá. E as caixas decoradas já começam a enfeitar. Ficam curiosos e também querem fazer. Em duplas levam caixas pra Gleyce poder ajudar. Ela é da marcenaria e está adorando ajudar. Dou uma boa ajeitada quando as crianças não mais estão lá. Arrumo bem pro maternal poder usar de novo. Pra eles o labirinto é gigante. E vão que vão sem cortar caminho. Contenção, atenção, percepção visual, colaboração, respeito, movimento, autonomia, artes, alegria, diversão e sabe-se lá o que mais. Tudo isso é trabalhado sem a gente forçar. Primeiro os pitocos entram, chegam e sentam pra voltar. Voltam e na saída correm feito loucos num rodopiar. Tem qualquer coisa que brilha.
E a pergunta do dia que fazem, uns dois ou três quando por ali passam: "todo dia muda esse labirinto?". Depois perguntam também "agora você não é mais professora, fabi?" "agora você só fica aqui?" Sou professora de labirintos. Trabalho igual nunca vi.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
deixa a gente brincar lá?
Mal cheguei pela manhã, na salinha do jardim, o menino que me vê, quer saber se pode ir. Isso atiça o amigo dele, e digo claro, levo sim; peça lá pra professora, tá tudo bem por mim. Eles vão e se divertem. Montam e arrumam pra mim. E nesse fluir de coisas, o labirinto vai virando outra coisa de novo. Transformação é a lei. Virou um circuito de obstáculos. Túneis, paredes bem altas e outras bem baixas; trecho de pular e também pra desviar. O caminho, não pode cortar! Esse é o jogo do dia. Que alegria. Não tem idade. É para todos. E todos querem. E não há quem não pergunte se a gente volta na segunda.
aula de labirinto
no recreio brinca brinca bagunça desmonta
na tarde 27 é a vez da primeira turma do jd 2
percurso é na lona comigo
fazemos uma roda no centro
combinamos a atividade: montar o labirinto
em poucos minutos a construção tá pronta
já tem criança correndo
derrubando a caixa que acabou de colocar
já tem professora brigando
e dizendo:
ah, assim não vai dar!
bagunça boa
todo mundo no centro
é lá que a gente vai se encontrar
Eduardo, é pra cá!
vem Eduardo!
não, por aí você sai
volta, isso!
que maluquice alegre
todo mundo quer voar
quando é hora de partirem
o que querem é ficar
tem criança que até fala:
eu queria aqui morar
na tarde 27 é a vez da primeira turma do jd 2
percurso é na lona comigo
fazemos uma roda no centro
combinamos a atividade: montar o labirinto
em poucos minutos a construção tá pronta
já tem criança correndo
derrubando a caixa que acabou de colocar
já tem professora brigando
e dizendo:
ah, assim não vai dar!
bagunça boa
todo mundo no centro
é lá que a gente vai se encontrar
Eduardo, é pra cá!
vem Eduardo!
não, por aí você sai
volta, isso!
que maluquice alegre
todo mundo quer voar
quando é hora de partirem
o que querem é ficar
tem criança que até fala:
eu queria aqui morar
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Sorteio de labirinto
Improviso um sorteio hoje. Pra ganhar um labirinto sensitivo. Pra participar é só entrar no labirinto sem falar, sem derrubar nenhuma caixa, chegar ao centro, ficar um pouco lá, sair, fazer um desenho, colocar nome e série e me entregar. Muitas moças, alguns moços e muitas crianças participaram agora de manhã, e incluirei os da tarde também. E assim, o uso do labirinto hoje está sendo feito de outras formas, e a atmosfera criada é totalmente nova.
"Isso é tão bom pra cabeça. Uma suavidade. A gente que é mais velha fica assim, imagina uma criança!"
"Isso é tão bom pra cabeça. Uma suavidade. A gente que é mais velha fica assim, imagina uma criança!"
Vó Luzia, 82 anos, ao percorrer o labirinto hoje de manhã.
Cheguei no centro, e daí?
Titubeante, o professor de filosofia entra pra experimentar. "Mas pra que que serve isso?", pergunta muitas vezes. "Entra, experimenta pra saber", respondo. E ele vai, querendo cortar caminho, e quando chega ao centro diz "cheguei no centro, e daí?". E daí o que? Me diga você. Ele sai, intrigado, dizendo "que maluquice isso", e compara a experiência com alpinismo. Depois conversamos. Ele se senta ao meu lado e quer saber qual é meu objetivo. Isso também aconteceu logo que cheguei na escola. A recepcionista também queria saber pra que serve o tal labirinto. Pacientemente procuro explicar de um jeito pra um, de outro jeito pra outro, nos conformes. O labirinto pode ser pra gente ficar querendo saber pra que ele serve. Instiga, acalma, orienta. É uma experiência. È um meio ambiente que incita a colaboração, a criação, a diversão. Um espaço lúdico, lírico, sagrado, informal. Metáfora. São infinitas as possibilidades. O objetivo, qual é mesmo? Importante é o percurso, o processo, a descoberta.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Desmanchei a torre do castelo...
Dor nas costas hoje... Foi pauleira. Mas hiper mega legal. O menino ficou bravo, porque eu tirei as caixas que ele tinha colocado no centro, na hora que eu não estava, pra fazer como se fosse um castelo. Mas eram as caixas que de manhã eu tinha separado, pra colar, pra arrumar... Aí cheguei e fui separando de novo, oras! Aliás, preciso organizar isso. Coloquei uns bilhetes. Vamos ver se funcionará. Talvez também criar umas três ou quatro regras, e colocá-las visíveis logo na entrada. Desisti de colar as caixas. Não dei conta.
O recreio dos pequenos desmonta e monta tudo de novo. Criançada adora isso. É um legão no pátio. As caixas ainda planas (as que ainda não estão montadas) liberei geral depois, no recreio dos maiores! Sensação no local! Cavernas e túneis! Se tivéssemos mais caixas eles teriam coberto todo o labirinto. Teriam feito de quatro andares, de cinco! Confusão e diversão. No final teve criança derrubando tudo de propósito. Foi feio. Mais pito. Tudo bem. Fiquei arrumando uma hora, pra depois levar os picorruchos do maternal. Fofuchos. Ficam com vontade de mais e mais. Alguém aí sabe me dizer por quê?
Teve também as serventes, que foram lá percorrer, e saíram perguntando, "por que pra chegar no centro do labirinto demora mais do que quando se sai dele?". Elas adoraram a idéia de vir percorrer quando estiverem estressadas, cansadas ou algo do tipo, disseram que vão fazer mesmo isso. Tão amáveis quanto as crianças.
O recreio dos pequenos desmonta e monta tudo de novo. Criançada adora isso. É um legão no pátio. As caixas ainda planas (as que ainda não estão montadas) liberei geral depois, no recreio dos maiores! Sensação no local! Cavernas e túneis! Se tivéssemos mais caixas eles teriam coberto todo o labirinto. Teriam feito de quatro andares, de cinco! Confusão e diversão. No final teve criança derrubando tudo de propósito. Foi feio. Mais pito. Tudo bem. Fiquei arrumando uma hora, pra depois levar os picorruchos do maternal. Fofuchos. Ficam com vontade de mais e mais. Alguém aí sabe me dizer por quê?
Teve também as serventes, que foram lá percorrer, e saíram perguntando, "por que pra chegar no centro do labirinto demora mais do que quando se sai dele?". Elas adoraram a idéia de vir percorrer quando estiverem estressadas, cansadas ou algo do tipo, disseram que vão fazer mesmo isso. Tão amáveis quanto as crianças.
To saindo ou to entrando?
Inacreditável. Monta de novo. Percorre, corre, brinca. Bate o sinal. Ahhhhh... Amanhã vai ter de novo? Deixa montado hein!?! Bate o sinal. Mais crianças. Agora é a vez dos menores. Delícia. Emboscadas, túneis, correria, alegria. Bagunça. Molecada derrubando e deixando no chão. Levaram um pito bem bonito. Continua. E uma menina chora. Não consegue sair. Acha que está perdida. Procedo com o salvamento. Ela acalma. Pego pela mão. Vamos juntas. Ela adora. Chegamos no centro, em meio a difilcudades (caixas pelo chão, fora do lugar, túneis por onde temos de nos agaixar). Ela percebe que não tem como se perder. Volta sozinha.
Na salinha, o percurso do dedo. Pequeninos, de três e quatro anos. E acham que é um caracol, uma flor, uma placa, uma cobra enrolada. Estão certos. Labirinto. Tem um grandão. Querem ir lá? Oba! E vamos. E percorremos. E no centro, desenhamos. A professora aprende. Tem idéias. E as crianças então brincam, livremente.
Tem criança que chegou na escola perguntando: "Profi, cadê aquela moça que ontem levou a gente lá naquele negócio?" "Profi, a gente quer ir lá de novo!". Se assim é, assim será. E assim foi. Foram de novo. Só que desta vez é tridimensional. Qual deles é mais legal?
Na salinha, o percurso do dedo. Pequeninos, de três e quatro anos. E acham que é um caracol, uma flor, uma placa, uma cobra enrolada. Estão certos. Labirinto. Tem um grandão. Querem ir lá? Oba! E vamos. E percorremos. E no centro, desenhamos. A professora aprende. Tem idéias. E as crianças então brincam, livremente.
Tem criança que chegou na escola perguntando: "Profi, cadê aquela moça que ontem levou a gente lá naquele negócio?" "Profi, a gente quer ir lá de novo!". Se assim é, assim será. E assim foi. Foram de novo. Só que desta vez é tridimensional. Qual deles é mais legal?
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Fóssil de caracol?
Desmonta pra deixar liso. Na lona, o labiliso. Alguns reclamam mas gostam. Correr assim só quando não tem parede. Atividade sensorial na entrada. Também na salinha da molecada. Até professoras vibram. A cara que fazem ao abrir os olhos, não acredito! Os pequenos dizem "é uma flor". Um símbolo do amor. Mas dançam, correm e vibram. No labi-liso-ladrilho. Não é preciso explicar. Melhor mesmo é caminhar. Sentir e ver no que dá. Sugerir e aceitar. Fingiram que eram cobras. O tempo nem se vê passar ali. "Vai ter amanhã de novo?" "Amanhã a gente pode montar com as caixas?" "Promete?" "Amanhã eu volto aqui". Muro de gente foi feito. Divertido difícil legal! Todos queriam ser cegos! Pra percorrer o tal! Não deu tempo pra todos hoje. E como será o amanhã?
Aventura pedagógica
Recreios, a criançada. Monta e Desmonta. Brinca e rebrinca. Muita colaboração. Improvisação. Crianças montando um labirinto de caixas no chão. Formiguinhas trabalhando. Pura diversão. Em poucos segundos se levanta uma construção. Uma alegria sem tamanho. Uma emoção. Será loucura ou revolução?
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